terça-feira, 8 de novembro de 2011

"Deus em mim e eu Nele..."


Queridos irmãos, celebramos hoje a Beata Elisabete da Trindade, grande mística do Carmelo que deixou relevantes ensinamentos e exemplos para os que anseiam se encontrar com Deus. Elisabete nasceu em 1880, num acampamento militar francês, em Avor (Bourges). Foi filha de Maria Rolland e do capitão José Catez. Nosso Senhor Jesus desde cedo despertara nela o seu imenso amor. Com o passar dos anos, Elisabete amadurece espiritualmente, até perceber que era templo da Santíssima Trindade. Adquire progressos, entregando-se aos seus “Três”, deixando-se inundar por todo o seu amor. Entra no Carmelo de Dijon em 1901. Entrega-se ainda mais à Trindade Santa, escutando-A em seu íntimo para conhecer toda a sua glória. Mas com o passar dos anos, sofre da doença de Addison, que resultou de uma tuberculose. As últimas palavras que Elisabete pronunciou foram: “Eu vou à Luz, ao Amor, à Vida”. Falece em 9 de novembro de 1906, partindo para ver o Senhor que ela dedicou tanto amor...

Autêntica filha da Igreja e do Carmelo, é uma guia para todos aqueles que buscam a Deus. Seu exemplo para nós é de uma pessoa que viveu em constante adoração, entregando-se ao Mistério da Inabitação Divina, sendo um "Laudem gloriae". Ela nos lembra que, assim como percebera, somos templos da Santíssima Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo. É de grande proveito para nós, cristãos sedentos por Deus, que estudemos com carinho e atenção o legado que essa grande mística deixou para a Igreja. Vale a pena mergulhar em seus escritos e descobrir o que ela descobrira: "Deus nos predestinou para sermos ser 'louvor de glória'. (Ef 1, 12)

A seguir, sua célebre oração, resultado de uma vida dedicada a Deus, que nasceu da manifestação do seu "Conselho Todo-Poderoso" em sua alma...

Elevação à Santíssima Trindade

Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente de mim mesma para fixar-me em vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar-me a paz nem me fazer sair de vós, ó meu Imutável, mas que em cada minuto eu me adentre mais na profundidade de vosso Mistério. Pacificai minha alma, fazei dela o vosso céu, vossa morada preferida e o lugar de vosso repouso. Que eu jamais vos deixe só, mas que aí esteja toda inteira, totalmente desperta em minha fé, toda em adoração, entregue inteiramente à vossa Ação criadora.

Ó meu Cristo amado, crucificado por amor; quisera ser uma esposa para vosso Coração, quisera cobrir-vos de glória, amar-vos… até morrer de amor! Sinto, porém, minha impotência e peço-vos revestir-me de vós mesmo, identificar a minha alma com todos os movimentos da vossa, submergir-me, invadir-me, substituir-vos a mim, para que minha vida seja uma verdadeira irradiação da vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador e como Salvador. Ó Verbo eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-vos, quero ser de uma docilidade absoluta para tudo aprender de vós. Depois, através de todas as noites, de todos os vazios, de todas as impotências, quero ter sempre os olhos fixos em vós e ficar sob vossa grande luz; ó meu astro Amado, fascinai-me a fim de que não me seja possível sair de vossa irradiação.

Ó Fogo devorador, Espírito de amor, “vinde a mim” para que se opere em minha alma como que uma encarnação do Verbo: que eu seja para ele uma humanidade de acréscimo na qual ele renove todo o seu Mistério. E vós, ó Pai, inclinai-vos sobre vossa pobre e pequena criatura, cobri-a com vossa sombra vendo nela só o Bem-Amado, no qual pusestes todas as vossas complacências.

Ó meu Três, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão infinita, Imensidade onde me perco, entrego-me a vá qual uma presa. Sepultai-vos em mim para que eu me sepulte em vós, até que vá contemplar em vossa luz o abismo de vossas grandezas.


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