sábado, 13 de fevereiro de 2010

Sábado / V Semana do Tempo Comum - 13/02/10

Ofício da Memória de Nossa Senhora - Branco

Leituras: 1 Rs 12,26-32;13-33-34 – Sl 105(106) – (Mc 8, 1-10)


Laudes: Liturgia das Horas: 1540-741 - Oração das Horas: 1472-842
I Vésperas: Liturgia das Horas: 171-749 – Oração das Horas: 690-849


“Quantos pães tendes? .”




"Depois de JESUS pronunciar a Benção sobre eles, mandou que os distribuíssem"...



As palavras de Jesus eram a expressão de seu íntimo relacionamento com Deus e de seu profundo conhecimento do homem

EVANGELHO (SÃO MARCOS 8, 1-10)
1Naqueles dias, havia de novo uma grande multidão e não tinha o que comer. Jesus chamou os discípulos e disse: 2“Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem nada para comer. 3Se eu os mandar para casa sem comer, vão desmaiar pelo caminho, porque muitos deles vieram de longe”. 4Os discípulos disseram: “Como poderia alguém saciá-los de pão aqui no deserto?” 5Jesus perguntou-lhes: “Quantos pães tendes?” Eles responderam: “Sete”. 6Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois, pegou os sete pães, e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem. E eles os distribuíam ao povo. 7Tinham também alguns peixinhos. Depois de pronunciar a bênção sobre eles, mandou que os distribuíssem também. 8Comeram e ficaram satisfeitos, e recolheram sete cestos com os pedaços que sobraram. 9Eram quatro mil, mais ou menos. E Jesus os despediu. 10Subindo logo na barca com seus discípulos, Jesus foi para a região de Dalmanuta.
Palavra da Salvação.
Glória a vós, Senhor.


O evangelista Marcos nos apresenta, hoje, o relato da segunda multiplicação dos pães. Mas nós precisamos dizer, sem titubear, como cristãos católicos que o relato é do milagre da multiplicação dos pães. A intenção de Jesus não é de partilha – neste contexto – apesar de serem doados aqueles sete pães e alguns peixinhos. Cristo tem um objetivo claro com essa multiplicação – por intervenção milagrosa – muito mais que realizar uma simples partilha, por meio da qual cada um pudesse colocar o que tinha à disposição de todos. A compaixão que o Senhor possui daquele povo é o fato de estarem famintos, muito mais do pão espiritual que material.

Jesus, com a multiplicação dos pães, não pretende fazer espetáculo, mas mostrar que o Filho de Deus possui poder sobre um pedaço de pão, ou seja, quer prefigurar a Eucaristia: Seu Corpo entregue e ofertado para a vida do mundo.

Se a fome fosse de cunho puramente material e não espiritual, Cristo não teria esperado três dias para promover uma partilha; Ele – por uma questão óbvia e inteligente – teria motivado isso no primeiro dia em que aquelas pessoas estavam com Ele; Jesus, ali naquele momento, a três dias tocando na história de cada um, na vida de cada pessoa, se compadece, pois, encontram-se com uma fome espiritual profunda. A fome daquela gente é uma fome de sentido de vida, de amor, de acolhimento, de cura para seus traumas… fome de Deus. É uma fome espiritual muito maior que a fome material. Multiplicando aqueles pães e dando de comer – materialmente falando – àquela gente Jesus quer dizer que possui poder sobre um pedaço de pão. Prefigurando a Eucaristia, ou seja, sua Carne e seu Sangue para a vida da alma e do corpo. Daí a gente entende, a partir do evangelista João, por que o Senhor não volta atrás quando os discípulos se escandalizam quando Ele lhes diz que Seu Corpo é comida e Seu Sangue, bebida: “E vocês, não quereis ir com eles?” Pedro toma a palavra e diz: “A quem iríamos, Senhor? Só Tu tens palavras de vida eterna!”.

Jesus não despede ninguém, pois sabe que se nos deixar pereceremos. Morreríamos pelos caminhos da vida.
Uma pessoa jamais conseguirá viver plenamente feliz e plenamente realizada em sua vocação se não se alimentar da Eucaristia. Para um cristão leigo isso é necessário no mínimo todos os domingos e festa de guarda.

Quantas pessoas encontram-se desfalecidas por fraqueza, desnutrição espiritual. Mas precisamos entender que comungar é muito mais que receber Jesus na Eucaristia; é, ao receber Jesus Eucarístico, comprometer-se com a vida dos irmãos. Daí sim, como consequência óbvia, viver as realidades de partilha e ajuda para com aqueles que mais sofrem. Aliás, partilha por partilha – realidade puramente humana - é assistencialismo; agora, partilha em Deus, como consequência de uma experiência com o Senhor, é caridade, amor, doação, entrega, pois muitas vezes, nossa partilha não será somente de algo material, mas será da própria vida.

Só é capaz de proporcionar vida, partilhar sua vida e seus bens, ter compaixão de alguém, aquela pessoa que é capaz de se deixar amar pelo amor-compaixão de Jesus; aquele/aquela que se alimenta do Pão da Vida tornando-se vida doada aos outros, especialmente aos mais necessitados.

Não vamos imanentizar aquilo que é sobrenatural, ou seja, não vamos imanentizar a nossa esperança de Céu, de eternidade, aqui para este mundo.

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