domingo, 27 de maio de 2012

"Quem és tu, Luz que me inundas e clareias o meu coração?"


A Solenidade de Pentecostes encerra o Tempo Pascal. O Espírito Santo e sua presença santificadora é essencial no seio da comunidade dos discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois Ele é, em nosso contexto atual, o principal agente de evangelização. É importante redescobri-Lo como aquele que constrói o Reino de nosso Bom Deus no curso da história, animando-nos no mais íntimo de nós mesmos, fazendo germinar dentro de nossa existência as sementes da salvação definitiva. Daí, liturgicamente, Pentecostes ser uma festa muito importante. Está em nossas mãos a responsabilidade de perceber o Espírito Santo em nosso meio, questionando-nos: Que dons tenho recebido? Para que eles servem? Eu os coloco a serviço de quem? Como os faço frutificar? Cada Cristão recebe os dons do Espírito para o desenvolvimento e fruto da sua fé e para edificar a Igreja. O Espírito Santo é um Divino estímulo ao empenho evangelizador... Mais do que "dizer coisas" sobre sua abordagem simbólica, é preciso senti-Lo, entender os efeitos gerados por Ele... Ao cooperar com o Mistério Trinitário, Ele personaliza o amor de Deus e estabelece conosco uma comunhão íntima... Permaneçamos NELE!...

Juntos, meditemos esta bela poesia de Santa Edith Stein: 


FOGO DE PENTECOSTES

Quem és tu, Luz que me inundas
E clareias o meu coração?
Tu me guias,
Qual mão carinhosa de mãe,
Se de Ti me desprendo,
Não saberia caminhar
Nem mais um passo.
Tu és o espaço,
Que cerca meu ser
E em si me acolhe.
Saindo de Ti,
Mergulho no abismo do nada,
De onde tu me tiraste.
Tu estás mais próximo a mim
Do que eu a mim mesmo,
E mais íntimo
Do que meu interior –
No entanto, continuas intocável
E incompreensível,
Arrebatando o que existe:
Santo Espírito – Eterno Amor.

Não és tu o maná,
Que passa do coração do Filho
Ao meu,
Comida dos anjos e dos santos?
Ele, que da morte
Para a vida se levantou,
Também a mim ressuscitou para a vida.

Arrancou-me do sono da morte,
E nova vida Ele me dá
De dia para dia.
Um dia sua plenitude
Inundar-me-á totalmente,
Vida de tua vida –
Sim, tu mesmo:
Santo Espírito – Eterna Vida.

És tu o raio
Que estala
Do trono do Juiz
E irrompe na noite da alma,
Que nunca se reconhece e si mesma.
Misericordioso – inexorável,
Penetra-lhe os abismos sombrios,
E ela, assustada com a visão de si mesma,
Cede-lhe confiante o lugar –
Santo temor,
Início daquela sabedoria,
Que vem das alturas
E nas alturas nos ancora fortemente - ,
Tua realidade nos cria de novo:
Santo espírito – Raio Penetrante.

És tu a canção do amor
E santo temor,
Que ecoa eternamente
Ao redor do trono de Deus,
Que une em si
O puro som de todas as criaturas?
A sintonia
Que une os membros com a cabeça,
Nela cada um
Encontra feliz
O sentido misterioso de seu ser
E flutua em júbilo,
Em tuas torrentes:
Santo Espírito - Eterno Júbilo.

És tu a plenitude,
A força do Espírito,
Pela qual o Cordeiro rompe os selos
do livro da vida
Por um eterno decreto de Deus.
Impelidos por Ti,
Os mensageiros do juízo
Galopam pelo mundo
E separam com espada afiada
O Reino do meio das trevas.
Então, tornar-se-ão novos
O céu e a terra,
E tudo aparecerá no devido lugar
Pelo teu sopro:
Santo Espírito – Força Vencedora.

(Pentecostes de 1942, últimos meses da vida de Edith Stein) 

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